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quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

As máscaras que criamos

“É interessante que, além da vida real, o homem sempre tem uma segunda vida abstrata onde, com calma e deliberação, o que antes o deixava nervoso e irritado, parece frio, sem graça e distante: ele é mero espectador e observador.”

Lendo um pouco sobre Schopenhauer, percebo que ainda sinto dúvida em relação há muitas coisas. Já perceberam que ao decorrer da nossa existência vamos criando um acúmulo de máscaras superficiais a fim de esconder nossas imperfeições e passar exatamente aquilo que um determinado grupo necessita saber sobre você?

“A sólida base de nossa visão do mundo e também o grau de sua profundidade são formados na infância. Essa visão é depois elaborada e aperfeiçoada, mas, na essência, não se altera.”

Sim, andei refletindo em relação a esse aspecto, digamos que eu seja uma pessoa transparente, nunca perco a minha essência. Sou a mesma Dennyse ao lado da família, no trabalho, com os meus amigos e até quando estou sozinha. Mas será que todos me enxergam com todos os defeitos e qualidades que possuo?

Ter uma boa aparência também trás as suas desvantagens, nunca sabemos se as pessoas se interessam pela nossa embalagem ou por nosso conteúdo. A maioria das pessoas sentem atração por um rosto bonito, um corpo esbelto e desta forma, a boa aparência costuma ser tão gratificada que na maioria dos casos “o ser belo”, deixa de se esforçar em se tornar interessante em outros quesitos. O que não podemos nos esquecer é que um dia a beleza acaba, as rugas aparecem e a lei da gravidade começa a agir. Nesta hora os que optaram pela beleza, enxergam um ser vazio e a embalagem do ser belo que começa a se decompor trás o arrependimento em perceber que se viveu provisoriamente, largando como sem graça, justamente o verdadeiro significado da vida: o conteúdo que desenvolvemos durante o nosso trajeto.

Não desejo viver esse tipo de arrependimento e é por isso que cultivo outros valores ao invés de viver a chata rotina vazia de um salão de cabeleireiro, clinica de estética e academia. O problema é que ainda somos julgados por nossa aparência e nem sempre conseguimos mostrar aquilo que realmente somos. Isso por dois fatores: Ou não temos oportunidade por já nos rotularem antecipadamente, ou porque realmente a pessoa não merece conhecer os nossos verdadeiros valores.

Estudo a doutrina espírita a alguns anos, não sou fanática por religião e nem acho justo eu impor aquilo que penso, fazendo uma lavagem cerebral como outras religiões fazem, obrigando os que convivem comigo a acreditarem naquilo que dou valor. A história conta a época da inquisição, onde "em nome de Deus" muitos morreram queimados. Jesus não veio trazer a guerra e penso que se o ser - humano soubesse interpretar o mais precioso mandamento: "Amar a Deus sob todas as coisas e ao próximo como a si mesmo", aprenderiamos a respeitar o próximo, exterminando a heresia. Por isso evito atrelar o nome de Deus em meus comentários, pois acredito que cada um, mesmo dentro de uma mesma religião está longe de compreender o verdadeiro significado das palavras sagradas.

São poucos aqueles que me conhecem por completo, isso por que para se discutir certos assuntos, algumas de nossas atitudes nos contradizem. E nem sempre, por mais que queremos ser transparentes, conseguimos alcançar nossos objetivos, a insegurança de nos mostrar exatamente como somos e de certa forma, sermos recriminados, nos leva a repreensão de nossos valores e a criação de novas máscaras.

Com isso, muitas vezes ficamos perdidos em relação ao nosso “eu”, diante de tantas máscaras, acabamos nos confundindo e não sabendo quem realmente somos. Ainda estamos impregnados com as imperfeições humanas e desconhecemos nosso lado maldoso de ser. E por esta falta de conhecimento próprio, a caridade para com nossas atitudes, demonstra´apenas nossas qualidades. Desta forma, fica difícil discernir o que é uma máscara e o que é a verdadeira realidade.

Freqüento bares, falo palavrão, faço piada e tiro sarro de todos à minha volta, mas isso não quer dizer que sou limitada apenas a isso. Sonho em dar à volta ao mundo, conhecer novas culturas, gosto de ler, escrever, adoro filosofia, psicologia, mercado financeiro, planejo minha carreira, vou ao teatro, museu, parques e os meus programas prediletos geralmente são aqueles considerados como programas de índio.

Quem me vê em um bar, esbanjando o foda-se, não enxerga que sou romântica, sonhadora, sensível, emotiva, que zelo pela família, pela sinceridade e também pela fidelidade acima de qualquer circunstância. Em suma, acho que Schoupenhauer tem uma sensibilidade brilhante em transformar em palavras a minha análise quando diz:

“Adquirimos um conhecimento através do corpo que não podemos conceituar e comunicar porque a maior parte de nossa vida interior é desconhecida para nós. A vida interior é reprimida e não pode ser conscientizada porque conhecer nossa natureza mais profunda (nossa crueldade, medo, inveja, desejo sexual, agressividade, egoísmo) seria um peso maior do que poderíamos agüentar.”

6 comentários:

Lucas Krempel disse...

Muito bom o texto. Já mostra o bom caráter da pessoa.
=)
Vamos zuar bastante em B. As
Beijão

Anônimo disse...

Dona das horas.... donos de horas....Somos todos donos de nossas horas. Contraditória como é a nossa relação com nossas horas... somo ao mesmo tempo donos e escravos delas. Donos pois está em nossas mãos decidir como as viveremos; se aproveitaremos cada segundo ou se estaremos sempre nos lamentando pelo segundo que passou, ansiosos pelo que virá e alheios ao presente. E escravos pois não podemos subjulgar nossas horas a nosso desejo, de retardá-las ou adiantá-las...
E em busca de nossas próprias identidades vemos que a cada hora sofremos mudanças de conceitos em relação às pessoas, opiniões e pontos de vista.
Admirar pela beleza é instantâneo, admirar pelo carinho, respeito e valores é gradativo. Registro aqui minha admiração por alguém que em seu próprio conceito de dona das horas, faz com que algumas das minhas sejam tão agradáveis...

Beijão

Anônimo disse...

Quem quer aparecer anda com uma plaquinha dizendo como é, as coisas que gosta, etc..mas sera que ia facilitar em alguma coisa!? Nem sempre aquilo que parenta ser, é e o que é, nem sempre é aquilo que imaginamos. Certas qualidades e defeitos das pessoas só depende de nós descobrir, até porq certas qualidades e defeitos nosso mtas vezes acabamos sabendo por terceiros. acho que é ai que está a graça da "coisa", com isso, com tempo eliminamos certos preconceitos, juizos e vamos adicionando outros...e segui o baile!

Anônimo disse...

ola dona das horas..... faz tempo que não apareço por aqui.... estou em débito com vc e vou me redimir. Realmente neste mundo é mto dificil agradar gregos e troianos.... e para não sermos excluidos ou deixado de lado, infelizmente ou felizmente, criamos certas mascaras. mas tbm depois de tantos anos nos perdemos em nossas proprias máscaras..... desenvolvemos características e jeitos que ateh entaum naum eram nossos...... mas não axa que a essência, NOSSA ESSÊNCIA, naum muda?!?!? Por ex. querida dona das horas, demorei mas após alguns anos eu lhe contei algo (q pra mtos eh ateh insignificante) que pra mim eh mto importante........ busco ser o mais transparente possível e sempre estar ao seu lado e nessas pessoas que devemos cultivar........ naum digo a mim e sim a todos q buscam ser os mais sinceros com vc........ e caberá a vc ver e sentir se estas pessoas estão sendo.... isso mesmo dentro de nós ainda existe aquela pessoa "pura" ela apenas amadureceu e evoliu pra viver nesta floresta selvagem que eh o mundo civilizado. infelizmente existem pessoas fracas, invejosas e de mal carater que preferem rotular antes de conhcer, mas como disse temos que sobreviver as mais diversas situações.....
bjos queria dona das horas

A menina transparente disse...

Querida dona as horas são sempre mágicas e seu mundo belo e questionador.
Como diz Suzart Escrever é um ato mimético de apropriação e astúcia
E Schopenhauer tem isto de sobra.
Um abraço Neuza Ladeira

Chris disse...

Identifiquei-me muito com esse texto! Muito profundo e reflexivo. Amei!