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domingo, 5 de outubro de 2008

Semana voltada à reflexões

Onde estão as pessoas, onde estão os amigos, onde estão os amores, onde está a família, onde eu estou? Um dia desses trancada em meu apartamento em companhia com os meus questionamentos, analisando as pegadas de caminhos mal traçados e um labirinto escuro, onde não visualizava saída alguma sentia que o ânimo, as forças, a coragem e a fé cambaleavam rumo ao precipício. Esta não parecia a verdadeira Dennyse, alegre, cheia de alegria e que sempre possuí uma palavra de conforto para aqueles que sofrem. Não queria desistir, não queria demonstrar fragilidade, mas a vontade era mesmo de mandar tudo às favas e gritar ao mundo inteiro que eu não sou tão forte quanto demonstro ser, que estava difícil encontrar um alicerce que me fizesse ter paciência e esperança para que o tormento cessasse.

Queria fugir não sei pra onde, queria o colo não sei de quem, queria carinho e atenção. Estava simplesmente lost. Queria um montão de coisas que não sei nem dizer. Queria as coisas do meu jeito, mesmo sem saber se esta seria a melhor opção. Gostaria de clicar no Google e encontrar uma solução pronta, sem ter que batalhar tanto para encontrar a saída. Como é trabalhoso ter que agir, ter que colocar as teorias em prática. Mas... A verdade é que nunca estamos sozinhos.

Eu pensei estar sozinha, talvez por morar sozinha, estava trabalhando tanto e tão isolada do mundo que não me dava conta que meu telefone tocava, que não permitia que minha família a 350 km de distância me desse o consolo tanto almejado. Mas na verdade, era eu quem queria estar sozinha e enxergar apenas o meu próprio umbigo, me isolando do mundo e das pessoas.

Daí em meio aqueles surtos psicodélicos de crise existencial, conversei com o cara lá de cima implorando para ele pegar mais leve. Disse que o julgo estava pesado demais e que desse jeito eu só me via afundar em um labirinto sem saída. Onde estava a saída?

Foi aí que na segunda, preocupado, o Rodrigo me telefonou. É incrível como esse amigo, irmão, anjo ou sei lá como posso descrevê-lo, sempre me procura quando tenho um teach a teach com Deus. Ele me pediu para ler o seu blog, ver que estávamos no mesmo barco furado, reclamando a falta de sorte no amor, as preocupações profissionais, o problema financeiro e ainda a solidão. Alguns minutos de conversa, dormi com as lágrimas secando em meio rosto, com aquele gosto de soro fisiológico e um imensurável nó na garganta. Eu não estava bem.

Na terça decidi ler o tal blog de cabo a rabo e foi em um dos posts que comecei a refletir. Vou ter que colar aqui, o que me fez acordar.

"Se a vida é complicada, a gente complica mais!!! Se a vida é boa, arrumamos motivos para reclamar!!! Se a vida é uma merda, não nos mexemos para limpar!!! Se a vida é triste, arrumamos motivos para lamentar!!! Se a vida é alegre, ótimo - pra que existe religião mesmo??

Se a vida é!!! Se a vida é!!! Se parar pra pensar na vida, não saio do lugar. Estou travado nesse mesmo ponto desde o início dessa madrugada. Me sentindo incapaz de me mover. Achando que tudo está conspirando contra mim. Vida profissional, econômica, pessoal e amorosa. Tudo errado. Às avessas. De cabeça pra baixo.

Um sentimento cretino de impotência perante os problemas que se acumulam. Uma vontade tremenda de sumir desse pedaço do mundo e recomeçar tudo em outro lugar. Mesmo sabendo que errarei exatamente nos mesmos pontos. Mas queria ter a chance de errar em outro lugar também.

Estou numa confusão mental que só acho algo parecido no ano de 1999. Fim de namoro conturbado, morte do melhor amigo, afundado numa angústia de dar dó em qualquer ser humano e brigando para não terem piedade de mim.

Não sei por onde recomeçar. Não sei por onde pisar, para onde virar meu norte. Somos donos de nossos próprios pontos cardeais. Prumamos nossa vida para o norte que bem entendermos. E essa liberdade às vezes deixa o ser humano confuso. Queria ser um filho da puta como outro qualquer. Mandar tudo às favas (como diria a Dennyse!! Quanta saudade dela!). Sair sem rumo. Mas não posso. Tenho uma base em Campinas. Pessoas que gostam de mim. Que sofreriam se eu sumisse. Pessoas que me amam de verdade. E não posso decepcionar."

Eu me sentia exatamente assim, fui me identificando tanto com aquelas palavras que sentia até que aquelas palavras foram escritas por mim. Continuei lendo outros posts que me fizeram refletir ainda mais. Pelo telefone, mais uma vez, conversei com o Rodrigo por algum tempo e o parafraseando posso dizer: "Músicas em duas partes são legais. Ficamos procurando semelhanças entre as canções. Floyd é assim, Engenheiros é assim, tantas outras bandas são assim. Músicas em duas parte são legais!! Sofrer em duas etapas que não é legal. Ficamos procurando semelhanças entre as dores."

Foi aí que acordei, olhei no espelho e pensei: Apesar da crise econômica dos EUA estar afetando o setor de crédito e do banco central estar restringindo o crédito, onde vou chegar com este meu medo tolo e com esta insegurança medíocre de ficar desempregada? Eu trabalho em uma multinacional, sou uma excelente profissional e tenho um bom networking. Lembrei-me das palavras de conforto do Rodrigo, dizendo-me o quanto sou dedicada ao meu trabalho e relembrando toda a minha trajetória profissional, aos meus sucessos e a minha capacidade intelectual. Lembrei-me do filtro solar (eu sempre lembro dele): “Não se preocupe com o futuro. Ou então preocupe-se, se quiser, mas saiba que pré-ocupação é tão eficaz quanto mascar chiclete para tentar resolver uma equação de álgebra. As encrencas de verdade de sua vida tendem vir de coisas que nunca passaram pela sua cabeça preocupada, e te pegam no ponto fraco às 4 da tarde de uma terça feira modorrenta.”

Na quarta-feira assisti o filme Ensaio sobre a cegueira, baseado na obra do escritor português José Saramago.O filme fala sobre a degradação da sociedade durante uma epidemia de cegueira que assola uma cidade. Mostra a humanidade obrigada a confiar uns nos outros quando os sentidos físicos os deixam. Mais do que isso, mostra o quanto se é importante reparar no seu próximo e até onde nossa dignidade, moral e orgulho se perpetuam diante a busca da cruel sobrevivência. Senti o quanto ainda existem pessoas que mesmo com toda a sua capacidade visual, tornam-se cegas, diante a tantas injustiças, crueldades e torturas que somos obrigados a conviver diariamente. Mais do que isso, o filme nos faz reconhecer que nenhum de nós pode-se dizer que somos bons o suficiente.

A semana seguiu com a morte de um amigo da família. O Jean, 30 anos, relembrei dos dias que eu passava na loja do meu tio para ficar filosofando sobre a vida e tomando cerveja junto a ele, lembrei-me dos sonhos dele e não conseguia me conformar com o fato de que, simplesmente ao cair de uma escada de um metro de altura, ele morreu, deixando além das saudades, o sentimento de que não somos nada, diante do que Deus nos reserva. Vivemos fazendo diversos planos, estipulando metas, sem saber até quando vamos durar.

No sábado, fiquei horas conversando com o Flavinho da Flakar. E por mim continuaria o resto das horas do meu dia conversando com ele. O estranho de tudo isso é que por mais que eu tenha todos os motivos para levar a conversa a segundas intenções (ele é o homem que qualquer mulher desajaria), não o fiz. Primeiro porque não acho legal me envolver com pessoas do meu meio profissional (acho que influencia nossa credibilidade) e depois porque o papo foi realmente agradável por eu não estar pensando em nada disso. Fiquei admirada com o quanto já passamos por situações semelhantes, por pensarmos da mesma forma, por termos quase que os mesmos objetivos de vida, por priorizarmos a família, por sonharmos em constituir uma família, pelas neuras, carências e até mesmo por ambos já terem passado por duas tentativas de casamento mal sucedidas (acho que nascemos apenas para trabalhar). Enfim, pensei por alguns instantes que assim como eu, ainda existe pelo menos um homem que pense diferente de da grande maioria. Ele toca violão, é São Paulino, mora sozinho, possuí valores indescritiveis, enfim, sabe aquele homem que você sempre idealizou, mas diante a tantas desilusões passou a acreditar que não existisse? Esse é um deles. Mas voltando ao assunto, se fosse a tempos atrás, mesmo sem sequer ter o beijado, eu já estaria me imaginando vivendo o resto dos meus dias ao lado dele. E por incrível que pareça, isso não ocorreu. Não sei se estou fechada para balanço, se faz parte do meu processo de mutação ou se é mesmo por estar enfrentando um momento conturbado, que deixei de criar expectativas, mas... Fiquei impressionada, porém tudo soou tão natural, quanto o ato de abrir os olhos ao despertar.

Fiquei literalmente trancada no meu trabalho e em uma tentativa de resgate, minha gerente veio me salvar. Fomos tomar uma cerveja no buteco da esquina e ficamos ali até as nove da noite, conversando sobre trabalho, expectativas profissionais e saí de lá com o coração tranquilo, acredito que deixei todos os meus medos, incertezas e inseguranças e voltei com esperanças e vontade de continuar esta longa batalha que se chama vida.

Hoje, minha família fez uma festa destinada as crianças carentes em comemoração a São Cosme e Damião. Até o último ano em que minha amada avó estava entre nós, ela sempre promoveu essas festas e após o seu desencarne, minha tia passou a seguir esta tradição. Em meio as sessenta crianças que ali estavam, uma me prendeu a atenção. Quatro anos, nasceu com hidrocefalia, já sofreu sete cirurgias e hoje possuí uma hérnia enorme na barriga. A pequena é a alegria em pessoa, canta como ninguém, conversa muito, estremamente inteligente e um verdadeiro exemplo de vida para a humanidade.

Analisando esta semana reflexiva, com acontecimentos tão marcantes, posso dizer que mesmo ainda não sabendo ao certo a direção exata que devo seguir, aprendi que existem dores maiores do que as minhas, que existem problemas maiores que os meus e que eu estava fazendo uma tempestade em um copo de água. Senti até vergonha de pedir tréguas ao meu pai celestial e principalmente senti que a verdadeira felicidade não está em olhar apenas para o nosso próprio umbigo. A verdadeira alegria está em poder trazer um sorriso no rosto de uma criança carente, está em poder ser útil a alguém, em ser o consolo do aflito, em levar a luz a quem procura a verdade, levar amor aos que tem ódio, ter fé nos momentos de dúvida, ter esperanças nos momentos de desespero, enfim, como diria a oração de São Francisco: “É dando que se recebe, perdoando que se é perdoado, e é morrendo que se vive para a vida eterna!”E sim, eu amo Deus acima de tudo e tenho certeza que quando eu menos esperar, tudo irá se realizar. O que preciso mesmo é continuar cultivando minha paciência, fé e resignação. E claro, saber olhar ao meu redor, reconhecendo o quanto a minha família é maravilhosa e está ao meu lado, quando eu cedo algum espaço e sim, que tenho amigos, anjos conselheiros enviados por Deus, que está sempre me auxiliando nos meus momentos de aflições. Eu deveria mesmo é agradecer a Deus, por me conceder oportunidades como esta de reconhecer o quanto é bom viver.

Fazendo um adento, preciso parafrasear o Flavinho: "Já imaginou o quanto seria chato, aos dez anos saber que o grande amor de nossa vida estava do outro lado do mundo? Trocar o MSN, conversando com alguém que tinhamos a certeza que aos doze íriamos conhecer e viver a vida inteira? Onde iria estar a emoção diante a tanta certeza? Acho que isto seria chato"

Pois é, e eu também acho, a verdade é que a felicidade está nas emoções das incertezas da vida. Eu acho isso e mais um monte de outras coisas que continuam na minha farmácia de pensamentos, mas acredito que por hoje este capitulo do diário já excedeu o seu limite.

2 comentários:

Anônimo disse...

putz... tem coisas na vida que são imprescindíveis em certos momentos... às vezes uma colher, às vezes um canivete para abrir algo, às vezes uma chave... que bom que vc achou o despertador rápido... rsr

vou cobrar royalties...

bjs

Sandrinha disse...

"gritar ao mundo inteiro que eu não sou tão forte quanto demonstro ser".

Muitas e muitas vezes é só o que eu quero fazer, apesar de sempre me dizerem que eu não preciso provar nada a ninguém. Mas sinto que preciso provar para mim.

Sabe a sensação de estar no alto do prédio, com as pontas dos pés, pronta para cair? Me sinto assim, apesar de muita coisa estar dando certo para mim.

Mas eu sinto falta de mim. De ter amor por mim. Porque no fundo, sei que amo várias pessoas, mas de um jeito ou outro, sei que elas não me amam como eu as amo. E isto me faz sofrer, por mera ilusão.

E a vida já é complicada por si só. E nós a complicamos mais ainda. Terapia resolve? Não sei. Reclamar para Deus resolve? Não sei, ele deve estar com as paciências no limite com as pessoas.

Eu só queria ter paciência comigo, para poder ter paciência com o restante.

Se cuida! ^_^

Grande Beijo!

P.S.: Não sou analista de crédito não, mas sou analista da Itaucard mesmo. Enfim... só estou esperando resolverem sobre o acordo deste ano..rs